A proposta de uma proteção balística é a mesma das armaduras medievais: ser rígida o suficiente para evitar que o corpo seja perfurado e, consequentemente, que o combatente seja morto.

Ao longo dos séculos, diferentes culturas desenvolveram armaduras para uso durante o combate. Micênicos do século XVI a.C., assim como persas e gregos por volta do século V a.C. usavam até quatorze camadas de linho, enquanto os habitantes da Micronésia das Ilhas Gilbert e Ellice usavam fibra de coqueiro tecida até o século XIX.

Em outros lugares, as armaduras foram feita a partir de peles de animais: os chineses – no século XI a.C. – usavam pele de rinoceronte com cinco a sete camadas e os índios Shoshone da América do Norte desenvolveram casacos com várias camadas de pele coladas ou costuradas. Armaduras acolchoadas estava disponíveis na América Central antes de Cortes, na Inglaterra no século XVII e na Índia até o século XIX.

A armadura de malha era composta por anéis de ferros ou fios ligados de aço ou latão e foi desenvolvida em 400 a.C., perto da cidade ucraniana de Kiev. O Império Romano utilizou camisas de correias, que permaneceram a principal peça de armadura na Europa até o século XIV. Japão, Índia, Pérsia, Sudão e Nigéria também desenvolveram armaduras semelhantes. Armaduras feitas com a sobreposição de escamas de metal, chifre, osso, couro ou escamas de Pangolim, foram usadas em todo o hemisfério oriental por volta de 1600 a.C. até os tempos modernos.

Com a introdução das armas de fogo, os fabricantes de armaduras tentaram, primeiramente, reforçar a couraça ou a cobertura do tronco com placas de aço mais grossas e uma segunda placa pesada sobre o peitoral, fornecendo alguma proteção contra as armas. Normalmente, porém, algumas armaduras eram abandonadas onde quer que as armas de fogo entrassem em uso militar.


Diferente do que acontecia antigamente, hoje existem tecnologias capazes de levar em consideração a mobilidade de quem utiliza este tipo de equipamento.

As proteções balísticas referentes a placas e coletes balísticos, sejam de cerâmica, Kevlar, Vectran ou qualquer outro tipo de material, ajudam quem os utiliza, mas, infelizmente, não fazem milagres, pois há limites de impacto de acordo com o tipo de armamento que é utilizado.

O grau de proteção de uma placa ou colete balístico é calculado levando em consideração a velocidade de impacto a que a proteção balística é capaz de resistir, medida em metros por segundo.

Em linhas gerais, há seis níveis de proteção entre os coletes:

NÍVEIS DE PROTEÇÃO BALÍSTICOS

  1. Proteção nível I – resiste a velocidades entre 259m/s e 320m/s. Armas com calibre .380 e .22 estão entre as que disparam projéteis com essas características. É o mais simples dos coletes e, por conta disso, aquele que é utilizado com maior frequência, principalmente entre as forças policiais.
  2.  Proteção nível II-A – resiste a velocidades entre 332m/s e 381m/s. Calibres como o 9×19 e .357 Magnum estão entre os projéteis com essas características.
  3.  Proteção nível II – um pouco mais resistente em relação à proteção de nível II-A, onde as placas balísticas com essas características aguentam disparos entre 358m/s e 425m/s. É utilizado como defesa para armas do mesmo calibre do nível anterior, ou seja, 9×19 e .357 Magnum. Esse é o único modelo que pode ser adquirido pelo cidadão comum, desde que o mesmo cumpra os requisitos pré-estabelecidos, segundo a Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército.
  4.  Proteção nível III-A – resiste a impactos com velocidades médias de 427m/s. Calibres como o 9×19 e Magnum .44 estão entre as que produzem impactos dessa natureza.
  5.  Proteção nível III – muito mais resistentes, absorvem impactos com até 838m/s. O calibre .308 Winchester é um exemplo dos que produzem impactos desse nível.
  6.  Proteção nível IV – resistente a impactos de até 869m/s e está entre os níveis de proteção mais resistentes. Essa proteção é capaz de resistir a impactos de .30 M2 Armor Piercing.

Alguns fatores devem ser considerados na hora de analisar o nível de resistência de uma proteção balística como a distância do disparo em relação a quem está utilizando o colete ou a trajetória do projétil. 

Os níveis de proteção não são exatos e se referem a uma probabilidade, podendo ser maior ou menor, de resistência a impactos de determinada natureza.

O colete balístico moderno possui um padrão de construção que seguem normas estabelecidas pelo instituto Nacional de Justiça dos EUA e as características externas são semelhantes em todo o mundo. Novos materiais estão em desenvolvimento e possibilitarão avanços na proteção oferecidas estudos a nível nano molecular são a vanguarda nesse tipo de tecnologia.

Proteção

Vamos falar, então, de alguns materiais empregados na construção de coletes e placas balísticas:

Kevlar – é uma marca registrada pela DuPont®, que consiste em uma fibra sintética de para-aramida, muito conhecida pela sua rigidez e leveza. Apresenta-se como um polímero muito resistente ao calor, chegando a ser sete vezes mais resistente que o aço por unidade de peso. Sabe-se que sua queima só ocorre depois de oito segundos exposto a temperaturas acima de 1000°C, fazendo com que seu uso em vários produtos se torne de extrema valia. No caso de resistência a impactos de projéteis de arma de fogo, seu grande segredo é o entrelaçamento dos fios. O impacto de um projétil faz com que esse entrelaçamento de fios da placa seja empurrado para trás, dispersando toda a energia do ponto de impacto para uma área maior. Assim, não importa em que local o projétil incida, ele sempre terá sua energia distribuída ao longo de toda a estrutura do material.

• Vectran – é uma marca registrada pela Kuraray America®. Capaz de proporcionar resistência até duas vezes superior à do Kevlar, apresenta excepcional tolerância à tração e rigidez, sendo cinco vezes mais forte que o aço e dez vezes mais forte que o alumínio, se tomada a mesma massa por material.

 • Cerâmica – normalmente, materiais cerâmicos formam a primeira camada de um sistema de blindagem, recebendo o impacto inicial e dissipando grande parte da energia cinética ao fragmentar o projétil. Os principais materiais cerâmicos para blindagem balística são a alumina, o carbeto de silício e o carbeto de boro. Estes materiais têm sido alvo de pesquisa e desenvolvimento em sistemas de blindagens de peso reduzido e desempenho balístico alto. Basicamente, uma blindagem cerâmica é um revestimento resistente e rígido capaz de resistir aos enormes esforços provenientes de um evento balístico, sendo necessário que o mesmo apresente valores elevados de resistência mecânica, módulo de elasticidade e dureza.

Há uma infinidade de estudos sobre a construção de coletes e placas balísticas com maior resistência, leveza e que permita a mobilidade do utilizador.

E para você, qual a proteção balística ideal?