Lendo o novo livro de Steven Pressfield O Espirito Guerreiro, onde ele faz uma busca pelo Ethos do guerreiro e compara os guerreiros modernos e antigos, me pergunto se hoje esse espírito morreu dentro de nós ou se ainda é possível acessá-lo de alguma forma.
Talvez as regras criadas por muitos fracos que não podiam lutar mas que queriam impor suas vontades tenham se misturado a nossa cultura e hoje não deixamos esse sentimento florescer pois nos dizem que é vergonhoso.
A fraqueza emocional, a mediocridade, preguiça e medo, fizeram com que deixemos a vida nos levar sabe-se lá para onde. Perdemos o caminho real e criamos um imaginário. O desvaneio para alguns parece mais real do que a própria realidade.
“Todos nós enfrentamos batalhas – no trabalho, na família e além, no vasto mundo. Cada um de nós luta diariamente para definir e defender objetivos e a integridade, justificar nossa existência no planeta, e entender, ainda que só no coração, quem somos e em que acreditamos.” Diz Steven.
Mario Sergio Cortela em uma palestra, disse muito do que os Espartanos já sabiam em tempos antigos, onde certas virtudes – coragem, honra, lealdade, integridade, abnegação, entre outras, deveria vir de berço.
Ele conta a historia do atleta queniano, Abel Mutai que estava prestes a ganhar uma corrida quando, ao entrar em uma pista onde acreditava que o final tinha chegado, relaxou o ritmo e começou a cumprimentar o público, acreditando que tinha vencido a prova.
O segundo colocado, logo atrás, Ivan Fernandez Anaya, vendo que ele estava errado e parava a 10 metros antes da bandeira da chegada, não quis aproveitar a oportunidade para acelerar e vencer.
Ele permaneceu às suas costas, e gesticulando para que o queniano compreendesse a situação e quase empurrando-o levou-o até o fim, deixando-o vencer a prova como iria acontecer se ele não tivesse se engado sobre o percurso.
Em uma das historias Contadas por Steven Pressfield no livro, diz que um mensageiro retornou a Esparta vindo do campo de batalha.
As mulheres o rodearam. Dirigindo-se a uma delas, o mensageiro disse: “Mãe, trago-lhe notícias tristes. Seu filho foi morto enfrentando o inimigo”. Disse ela: “Ele é meu filho”. “Seu outro filho está vivo e ileso”, continuou o mensageiro. “Ele fugiu do inimigo ”. Ao que retrucou a mãe: “Ele não é meu filho”.
Cortela Diz que o Anaya em uma entrevista quando foi perguntado o porque de ter feito o que fez e mesmo sem entender muito bem de que outra maneira poderia ter feito diz: ” Se eu tivesse feito isso, o que eu iria falar para minha mãe?”
Talvez como sociedade não somos todos guerreiros mas esse espirito guerreiro ainda vive no meio de nós e precisa de estímulos para ser despertado.
De tempos em tempos ele reaparece em alguns e faz lembrar aos outros do caminho a ser seguido. Da direção que devemos seguir como indivíduos. De que não devemos envergonhar nossas mães, nossos irmãos e a nossa própria existência.
As sociedades militares ou grupos buscam sempre a manutenção desse sentimento em suas fileira. O sentimento de pertencer ao grupo, a lealdade e a camaradagem, a fibra de herói retratada em canções.
Claro que você deve estar “gravido” do espirito guerreiro. Ele deve residir em seu coração caso contrario não será possível deixar de envergonhar a sua mãe.
“O filósofo Sócrates, quando lhe perguntaram se ele seria capaz de transformar um não filósofo em um filósofo, respondeu: “Minha mãe, Fenaretes, era uma ótima parteira mas uma coisa ela jamais poderia fazer: dar à luz a uma mulher que não estivesse grávida!”
Essa historia é contada pela professora de filosofia Lúcia Helena Galvão e Assim como Steven Pressfield, devemos nos perguntar: De onde vem o Ethos do Guerreiro? Por que alguém escolheria essa vida difícil, perigosa? Qual seria a filosofia por trás dessa escolha? Estamos grávidos do espírito do Guerreiro? É possível que ele nasça em nós?
Outra sociedade guerreira e que sempre nos inspira é a dos Samurais. Orientados por um rígido código de ética escrito, chamado Bushido, o samurai era educado desde pequeno para estar apto para a luta e à obediência.
Em batalha, sempre fazia referência aos seus ancestrais, ao seu senhor e o poder de sua espada. Esta tradição indicava como os valores familiares e a honra eram inquestionáveis para um verdadeiro samurai.
Durante o combate, o verdadeiro samurai deveria estar pronto para matar seu inimigo e disposto a morrer em glória.
O espirito guerreiro estava vivo e deveria seu portador morrer caso não cumprisse a promessa ou fosse responsável pela morte de seu senhor.
Dizem que as mães Espartanas ao entregar o escudo a seus maridos e filhos indo para as batalhas diziam. “Volte com seu escudo ou sobre ele.”
A honra e a lealdade a causa justa eram mais importantes que a própria existência e cada guerreiro sabia e vivia por isso.
Qual a informação que recebemos hoje ao nos dirigir a batalha? Não vamos tão longe. Qual as palavras você recebe de seus pares e amigos ao ir para um treino? Ao comprar uma arma nova?
Há palavras de encorajamento ou de desencorajamento? Há espaço para seu espirito guerreiro se desenvolver?
Fica nossa dica de leitura:
Livro: O espirito Guerreiro
Autor: Steven Pressfield
As histórias do livro são só pano de fundo para o acesso aos conteúdos inconscientes de outra guerra: a guerra interna que cada pessoa trava para conhecer sua própria essência.
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