Recentemente iniciei um curso chamado GPS Empresarial voltado a desenvolvimento de ferramentas para a gestão.
A primeira pergunta feita pelo Instrutor Charles Stiirmer foi: Onde você esta?
Parece uma pergunta simples e retórica mas me peguei analisando que nunca parei para pensar nisso. Que os afazeres diários nos sequestram e que seguimos quase que pelas circunstâncias apagando os fogos que surgem.
Esta simples indagação esta em vários lugares e não prestamos a devida atenção pois nossa mente esta sempre a procura dos alvos imediatos.
Quem nunca ouviu a frase do gato em Alice no país das maravilhas de Lewis Carroll?
Alice perguntou: Gato Cheshire… pode me dizer qual o caminho que eu devo tomar?
Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o Gato.
Eu não sei para onde ir! – disse Alice.
Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.
A pergunta de Charles Stiirmer já não é tão simples assim.
Onde você esta?
Parei pra entender em que momento me encontro para saber onde devo ir?
Como disse Charles Stiirmer, para que o GPS possa te dizer onde ir, é necessário que ele saiba onde você esta.
Para entrar em reflexão, nada melhor do que uma boa trilha na mata. Natureza, ar puro e sem nenhum barulho para nos tirar a concentração.
Iniciamos a trilha baseado nas informações que a Guia do parque nos informou.
A trilha teria 11 km e de grau médio.
Nos munimos de um lanche e 1 garrafinha de agua de 500 ml já que na trilha havia como abastecer nas fontes de água naturais.
A pergunta Onde você esta? tornou a voltar a nossas mentes e iniciamos o percurso colocando em um aplicativo o ponto inicial.
Se a Informação da guia estivesse certa e devo acreditar que ela deveria estar, poderíamos saber quão perto estaríamos do objetivo.
A trilha começa com lindas paisagens e estávamos cheios de energia.
Conforme íamos adentrando a mata, a trilha começava a ficar íngreme e a respiração já começava a se fazer presente.
Nosso centro emocional começa então a apresentar os primeiros sintomas de que algo desgastante pode estar por vir e já começa a se deslocar para estados não tão positivos como os do inicio.
Será que fica pior? Será que a água vai dar? Será que é esse o caminho?
Mas vamos conversando e a vista continua bonita o que nos distrai.
Lembrei de quando iniciamos a nossa senda de empreendedor e foi praticamente a mesma coisa. De inicio muita energia, planos de como seria a caminhada, aprendizagem, dicas e todo tipo de coisas. Vídeos, podcast, artigos e tudo que pudesse nos direcionar melhor ao objetivo.
Uma informação aqui, uma acolá e bora lá fazer a coisa acontecer.
Quanto mais andava, mais coisas apareciam e para as quais eu não tinha me preparado pois nem sabia que elas existiam ou que teriam que existir para que o negocio andasse.
Andamos por quase 2 km ladeando o rio e chegamos a um belo curso d’Água e reabastecemos nossas garrafinhas que já estavam vazias pois fazia muito calor.
Fiz a analogia com a empresa, imaginando que essa água estaria para nós como o faturamento está para o negócio.
Dependemos dela para sobreviver a caminhada, e a empresa necessita de faturamento para continuar.
A questão é: Tinha água em abundância porem só possuíamos uma garrafinha cada um. Por mais que exista dinheiro no mercado, você só pode ficar com o que troca pelo que produziu. Ou terá que buscar no mercado a custo alto e devolver com um prazo.
Enchemos nossas garrafinhas e continuamos a subida que agora se tornava mais Íngreme e escorregadia.
Cada vez que precisávamos passar por um arvore caída que atravessava a trilha, a energia gasta era maior e não havia nada que podíamos fazer com relação a isso. Seriam talvez os problemas corriqueiros que precisamos resolver no dia a dia? Que nos fazem as vezes perder o foco e levar a devaneios?
Nosso único meio de orientação eram as informações que colhemos no inicio e já questionávamos se estavam corretas pois já tínhamos percorrido 5 km e nada do topo. O cansaço já começa a se transformar em preocupação.
Haveria outras fontes de água no caminho? Estaria a guia equivocada? O Que eu estou fazendo aqui? Quando o centro emocional começa a tomar conta e se questionar, o raciocínio fica comprometido e a dor física e o cansaço começam a interferir em suas decisões.
Começamos a ficar irritados e responder de forma também emocional, quando deveríamos ter uma resposta intelectual para resolver o problema que se apresenta. Quantas decisões tomadas no calor da batalha e diante de muita emoção criaram mais problemas do que resolveram?
Paramos sobre um tronco e descansamos um pouco pensando nas possibilidades e como isso tem relação com tudo na vida. Como reagimos em situações corriqueiras da mesma maneira que na vida profissional. Como nosso automatismo pode interferir no sucesso de qualquer coisa que nos dispusermos a fazer.
Continuamos a subida após um leve descanso e encontramos 4 pessoas que já retornavam. Perguntamos a elas se faltava muito para o topo e nos disseram que estávamos no meio do percurso.
Como no meio do percurso? Na recepção haviam dito que eram 11km ida e volta, ou seja, 5,5 km e já havíamos percorrido 5 km. Não fazia sentido ser metade do percurso. Se assim fosse, poderia ser que a atendente tivesse passado a informação só de ida e não de ida e volta o que daria 22km.
Nosso psicológico se abalou com essa informação e mais ainda quando disseram que agora seria o pior percurso, mais íngreme e mais escorregadio.
A água estava pouca e não haveria outra fonte de água e até pensamos em retornar pois seria bem difícil continuar sem água.
Andamos mais um pouco e nos deparamos com outras pessoas que também retornavam e fizemos a mesma pergunta.
Nos informaram que faltava cerca de 600 metros e que era mais íngreme e escorregadio.
Aprendemos a importância de checar a informação recebida no caminho. Comparar com a que já temos e não se firmar na primeira fonte. Buscar outras.
O mercado vai ficar ruim? Onde Você esta? Quais recursos tem? Com quem você pode contar?
As fontes são confiáveis? O Guru que vc segue, sabe do que esta falando?
Continuamos agora com mais certeza de que a distância percorrida estava próxima do que nos foi apresentado no inicio da caminhada.
O caminho era realmente íngreme e escorregadio e nos levou o restante da energia que ainda se guardava.
Chegamos no topo com várias lições aprendidas sobre planejamento e capacidade de resolver problemas.
4 respostas
Uma analogia raiz, ou seja, vivida na pele.
Isso me lembra o quanto podemos fazer nossa caminhada de forma mais atenta, mais presente.
A comparação da caminhada na natureza com os negócios/empresa, também se faz verdadeira para própria vida.
Parabéns Samuel e Giza, por inspirar novos caminhos!
Realmente uma analogia que nos faz refletir profundamente sobre o quanto nossas emoções podem influenciar nossas ações e escolhas. Obrigado pelas reflexões e ensinamentos!
Redescobrindo algo que amo fazer!
Trilha é uma ótima terapia, um momento de estar consciente consigo mesmo e apreciar as coisas simples e maravilhosas que o Criador nos Deu.
Já fazendo o planejamento para que a próxima ser melhor ainda hehehe
Muito bom o texto, inspira a reflexão!
Abraços!