“Como é possível que pessoas normais, como nós na rotina diária, agirem desumanamente, sem nenhuma limitação da consciência?.
Ao observar os acontecimento da última semana com atentados terroristas em vários locais do mundo, me ocorreu a lembrança de um filme que assisti a muito tempo sobre este assunto.
É claro que o experimento tentava identificar outra coisa na época mas pode ser levado em conta pois a mesma autoridade pode ser observada no contexto em que esses ataques são feitos.
O indivíduo pode não receber uma ordem direta para executar a ação mas vem recebendo estímulos ou sendo criado todo o enredo para que culmine em algo cruel e violento.
O experimento foi desenvolvido pelo psicólogo Stanley Milgramem 1962, onde 40 homens entre 20 e 50 anos participaram voluntariamente de uma pesquisa na Universidade de Yale, nos EUA, sobre a punição como método de aprendizagem. Em duplas, um dos participantes atuava como “professor”, enquanto o outro fazia o papel de “aluno”. Cada vez que o “aluno” errasse um exercício de memorização, o “professor” deveria lhe aplicar choques, que começavam em 15 volts e iam progressivamente a 450 volts..
O experimento inquiria como os participantes observados tendem a obedecer às autoridades, mesmo que estas contradigam o bom-senso individual. A experiência pretendia inicialmente explicar os crimes bárbaros do tempo do Nazismo.
Em 1964, Milgram recebeu por este trabalho o prêmio anual em psicologia social da American Association for the Advancement of Science. Os resultados da experiência foram apresentados no artigo Behavioral Study of Obedience no Journal of Abnormal and Social Psychology (Vol. 67, 1963 Pág. 371-378) e posteriormente no seu livro Obedience to Authority: An Experimental View 1974.
No final da Segunda Guerra Mundial, emergiu a questão de como pessoas aparentemente saudáveis e socialmente bem-ajustadas puderam cometer assassinato, tortura e outros abusos contra civis durante o Holocausto e outros crimes contra a humanidade.
O objetivo do experimento de Milgram foi verificar a obediência e autoridade sobre a capacidade do sujeito para prejudicar outro ser humano. Os experimentos começaram em julho de 1961, três meses após o julgamento de Adolf Eichmann começar em Jerusalém. O experimento foi concebido para responder à pergunta: “Pode ser que Eichmann e milhões de seus cúmplices estavam apenas seguindo ordens? Será que devemos chamá-los todos de cúmplices?”
Você consegue ver alguma coisa similar a esse experimento nesses crimes bárbaros perpetrados na ultima semana? Há alguma autoridade atras desses indivíduos? talvez a autoridade de uma ideia? Um grupo?
Penso que sim. Existe uma autoridade por trás que valida o comportamento mas nesses caso há o consentimento e não o julgamento moral do ato em si. Talvez esse individuo até se questionou em algum momento mas os fatos que se seguiram validaram seu comportamento violento que termina como violência real. O incentivo de pessoas do grupo ao qual frequenta, a pessoa que se espelha etc.
Em Alem do bem e do mal, Friedrich Nietzsche diz que “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.” ou seja, esse comportamento também acomete quem combate o crime e não vemos acontecer? Quem combate o crime pode se tornar um justiceiro social e cometer crimes agora por uma ideia formada durante anos?
Será que foi assim que surgiram as “miliciais”?
Quando a serviço do Estado, a motivação pode ser outra e é validade por esse Estado, e o fazemos em benefício da maioria, porem, você já se questionou a necessidade de algumas ações e mesmo a contragosto a executou?
Outras vezes vemos colegas enaltecendo a violência do tipo “com vagabundo pode”. Passamos do profissionalismo na ação para atores em uma vida paralela onde “pode” se for pela causa “certa” que eu defendo. Obvio que só se pode combater monstros agindo muitas vezes como monstro e não estou defendendo aqui comportamento de ovelha em relação a bandido. O trabalho tem que ser feito. O questionamento é “se” conseguiremos identificar quando nós ou um colega esta ultrapassando a linha e se tornando o monstro.
Todo agente de segurança publica esta “Em pé, num cadafalso ,com a cabeça num laço e tendo mais ou menos um segundo e meio para saber o que faz” citando musica “Esta tudo Mudando” de Bob Dylan
Os aspectos jurídicos e filosóficos da obediência têm enorme significado, mas dizem muito pouco sobre como as pessoas realmente se comportam em uma situação concreta e particular. Eu projetei um experimento simples em Yale para testar quanta dor um cidadão comum estaria disposto a infligir em outra pessoa porque um simples cientista deu a ordem.
Autoridade total foi imposta à cobaia [ao participante] para testar suas crenças morais de que não deveriam prejudicar os outros, e, com os gritos de dor da vítima ainda zumbindo nas orelhas das cobaias [dos participantes], a autoridade falou mais alto na maior parte das vezes.
A extrema disposição de pessoas adultas de seguir cegamente o comando de uma autoridade é o resultado principal do experimento, e que ainda necessita de explicação.
Apenas uma pequena porcentagem interrompeu o experimento e deixou a sala. A grande maioria – 65% – continuou e chegou ao choque máximo, para surpresa do cientista político Stanley Milgram (1933-1984), que mais tarde se tornaria doutor em Psicologia Social. Ele buscava identificar a desistência dos “professores” como resposta recorrente, mas testemunhou uma relação de obediência a qualquer custo. Nenhum voluntário foi até o “aluno” verificar se ele estava bem.
Se interessou pelo assunto?
Veja o File no NetFlix ou em outra plataforma que você tenha acesso. Vale a pena como estudo.
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