Imagine a cena:
Você saindo da faculdade a noite sozinho, se dirigindo a seu carro estacionado em uma das vias das proximidades.
Como desenvolveu conduta de caçador, você observa as possíveis ameaças ao longo do caminho.
Detecta 2 indivíduos vindo em sua direção, você troca de lado da via, eles conversam e mudam também.
Opa, a situação já esta evoluindo e a distancia começa a encurtar. Os olhos deles estão em sua direção e suas mãos dentro de bolsos de seus casacos.
Você observa a via e esta deserta e somente carros passando para lá e para cá. Não há mais para onde ir e você já começa a descer sua mão para a arma.
O que fazer?
Esperar que cheguem mais perto pois talvez não sejam o que você supos que eram?
Sacar a arma e enquadrar os supostos agentes?
Deixar que cheguem perto o suficiente e tentar identificar se vão sacar uma arma ou não?
Qual alternativa você escolheu?
Qualquer das alternativas que você escolha serão alvo de julgamento de quem nunca, mas nunca mesmo passou por essa situação e teve de lutar por sua vida.
O máximo que fez foi passar algumas fases do Call Of Duty ou outro jogo qualquer.
Sabemos que a primeira linha de combate é você.
É o que consegue fazer com a situação que se apresenta e com as habilidades que possui, mas sabemos que o que você fizer pode mudar a sua vida e as vezes de uma forma permanente e não existe reposta certa e nem fácil.
Imaginemos que você saque sua arma e enquadre essas pessoas e elas se desesperem, um deles retira a mão do bolso e porta um celular você dispara e acerta pois treinou pra isso. O cara cai e você identifica que era um celular. De que forma sua vida muda nessa situação?
A mesma situação e você não enquadrou e o cara saca uma arma e aponta pra você, o outro já te rodeia com intuito de te revistar. Ele vai encontrar sua arma, se você for policial, vai encontrar sua funcional. Como isso mudaria sua vida desse momento em diante?
Por isso não existe resposta certa. Somente a que você decidiu fazer e você terá de tomar essa decisão e viver com ela. Mas será que eu só tenho alternativas em que me dou mal? Não! Você pode ter sobrevivido a um assalto, a uma tentativa de assassinato, a uma emboscada.
“Eu prefiro ser julgado por 1 do que carregado por 7” Dizem uns. “Eu atiro primeiro e pergunto depois.” Dizem outros.
Eu não acredito que você pensaria e agiria dessa forma a menos que esteja influenciado por caras que despejam esse tipo de coisa o tempo todo na internet. Não faça isso.
Desenvolva seu olhar de guerreiro e sua visão pessoal das coisas. Sua conduta, seu andar, seu linguajar, seu método de lidar com as coisas. Afinal, é você que terá de responder por tudo o que fizer e não essas pessoas que dizem o que fariam.
Faça sua analise de risco pessoal, saiba até onde pode ir, o que esta disposto a perder.
O bem mais precioso é sua vida com certeza e se a perder todo o resto não importa mais, porém você nem saberá disso pois estará morto.
Cerca de 90% dos locais de crimes no Brasil não são preservados corretamente. A informação é do perito criminal da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícias de São Paulo,
Sílvio Luiz Ramos Garcez.
“No local do crime, a polícia examinará todos os vestígios deixados na cena da prática do delito, objetivando esclarecer à mecânica e o móvel do delito, contribuindo de forma incontroversa para o processo judicial, já que constituem provas não repetíveis, produzidas exclusivamente na fase inquisitiva.”
Fonte: Site âmbitojuririco.com.br em artigo sobre a preservação do local de crime.
Autor: Fábio Coelho Dias
O Que Você Precisa Entender
Alguns que te vendem cursos irão te mostrar todos os cenários e conselhos confiantes. Todos eles terão um script pronto do que você deve fazer quando ver uma ameaça. Saque e atire. Saque mais rápido e atire mais rápido ainda. E depois?
Ah! Depois eu estou vivo.
Sim e ai sua batalha real vai começar.
Como a história se desenrolou? Alguém vio que aconteceu e esta disposto a testemunhar? tem câmeras que filmaram toda a ação? Aconteceu da forma com que você contou?
É obvio que você ira reagir a ameaça, não vai morrer e deixar o cara te roubar porque teve medo do depois. Mas o depois virá e precisamos ter treinado pra isso da mesma forma que treinamos para o evento.
Você verá nos filmes os caras atirando pra todo lado e simplesmente indo embora e deixando vários corpos no local do combate. Ninguém se importa, ninguém vai la investigar, e a vida dos atores continua a mesma. Anos depois o cara se depara com a mesma gangue e outro banho de sangue acontece.
Já viu isso?
Quantos instrutores você conhece que te ensinam também a se portar nessa cena pós combate.
Autoria e materialidade.
Se o cara apontou uma arma pra você e você atirou nele, teremos que ter duas coisas ali. Um corpo e uma arma.
Segundo ROCHA (1998), preservar um local de crime significa garantir a sua integridade, para a colheita de vestígios que fornecerão os primeiros elementos à investigação.
Não se engane, haverá investigação sim e para que você tenha exito a partir dali, é melhor que as coisas estejam da forma que você contou pois outras pessoas irão montar essa cena diante de um juri.
Se o cara não foi a óbito, será socorrido quando da chegada de pessoal especializado. Terão pessoas passando pelo meio da cena, podem ser comparsas do agente morto, parentes que potencializam mais vitimas, pode ser tudo. E você esta no meio disso, zonzo.
Pense nesse tipo de cena, pense como você deve reagir a isso, se coloque nessa situação da mesma forma que você se coloca na situação anterior.
Olhe essa imagem bem conhecida na internet de uma reação. Veja quantas pessoas passando pela cena de crime. Vejam que o atirador ainda conserva a arma na mão pois pode ser que tenham ameaças próximas. imagine quantas histórias serão contadas por cada pessoa que esta ali?
Aprenda a se portar também no pós crime.
Deixe seu treinamento completo e sobreviva.