POR QUÊ EU DEVERIA PRATICAR O AIKIDO?
By Philippe Dorée Agosto 10, 2018
As aulas não se limitam a uma demonstração ou sequência de técnicas esperando que os alunos as reproduzam feito clones.
Como em qualquer tipo de atividade física, o aikido usa também a força muscular para se movimentar, segurar e conduzir seu parceiro. Mas o grande diferencial do aikido é que a força em si não é o aspecto predominante.
Os praticantes tendem a deixá-la de lado para não comprometerem a movimentação do corpo, liberando assim quaisquer tensões musculares e dando mais fluidez à técnica.
Sem essa vontade de resistência física, de choque frontal, o aikido propõe mais o conceito de encontro do que de confronto.
O ataque do parceiro (que é também um adversário na hora) não é mais visto como um obstáculo mas como parte da solução: o aikidoista tende a privilegiar o controle, a movimentação circular, a absorção, a condução do parceiro, para desencadear a técnica de forma segura.
Mas segura para quê? As técnicas do aikido incluem torções, chaves e arremessos que, em sua maioria, podem ser extremamente eficientes e dolorosos.
Obviamente, o objetivo é de não alcançar este extremo: fazer a técnica sem a ideia de “destruir” seu parceiro, mas de preservar a integridade dele, além da própria. Ou seja, ao longo da sua prática, o aikidoista considerará sempre a opção do perdão e não da violência.
A interpretação filosófica desta situação deixaria entender que é sempre melhor diluir a agressividade “do outro” para uma solução pacífica e ponderada mais do que responder com mais agressividade chegando a um mal fim para um dos envolvidos ou ambos.
A prática do aikido ensina a resolver situações tensas sem o uso da violência mas com a noção de comunicação através da técnica (sem menosprezar os aspectos aeróbica), o trabalho da postura, de equilíbrio e de coordenação motora.
Qualquer um pode praticar o aikido, já que este não se baseia nas qualidades físicas intrínsecas como força, altura, peso, rapidez entre outros. Mas na nossa capacidade de administrar e aplicar os princípios de distância, visão, vigilância, posicionamento, movimentação e de atitude justo.
As qualidades físicas vão declinando ao longo de nossa vida, enquanto os princípios permanecem os mesmos e tendem a ser a cada vez mais integrados na nossa prática e o domínio destes compensa a inevitável degradação corporal.
A prática do aikido permite também lidar com o bokken (espada de madeira) e o jo (bastão de madeira). O trabalho com armas reforça a atenção da pessoa diante de seu perigo, mas desenvolve também a confiança na capacidade de enfrentar e resolver o problema em que se encontra.
Para aqueles que acreditam que o Aikido é meditação, é importante informar: o Aikido não é como yoga ou meditação. O Aikido é uma arte marcial onde se lapida a mente e também o corpo com a noção de ataque e defesa, com ou sem armas.
Mas não se pode reduzir o Aikido a uma atividade física exigente: ele contribui também para melhorar a saúde, as relações com os outras pessoas e o estilo de vida.
Estamos vulneráveis quando pensamos em ganhar, perder, aproveitar-se, impressionar ou ignorar o adversário. Kisshamaru Ueshiba – 2º Doshu (1921 – 1999)
Esta arte marcial japonesa, surgida nos anos 20, é a fusão do estilo Daito-ryu Aiki de jiu-jítsu com os preceitos do movimento religioso Omoto-kyo. O resultado é um estilo de movimentos circulares, empurrões e torções, em que o objetivo é se defender sem machucar o rival.
O “caminho da harmonização das energias” só foi oficializado em 1942, durante a reorganização das artes marciais no Japão. Para os primeiros mestres, não havia diferença entre o aikido e artes japonesas como shodô (caligrafia), sadô (cerimônia do chá) e kadô (arranjos florais). “É o caminho para reconciliar o mundo e fazer da humanidade uma só família”, escreveu o fundador, Morihei Ueshiba.
Visão, distância, Postura
No Kiniro Dojo, as aulas não se limitam a uma demonstração ou sequência de técnicas esperando que os alunos as reproduzam feito clones. A principal característica do nosso modo de ensino está na preocupação em fazer o aluno compreender suas ações, desenvolvendo desta forma seu senso de análise e crítica, que o ajudará a ter uma progressão enriquecedora.
Destacamos as noções de atitude justa, posicionamento, movimentação, controle dos eixos, visão, distância, disponibilidade, integriade, comunicação entre outros que giram ao redor da ideia de parceiro-adversário e não de parceiro-vítima.
Em nossos treinos procuramos enfatizar os princípios fundamentais através de exercícios estruturais: postura, equilíbrio, direita-esquerda, firmeza sem rigidez, etc.
Pelo fato destes serem bastante adaptáveis, eles podem se moldar a qualquer tipo de praticante (pessoas idosas, corpulentas, crianças). Damos também uma grande importância ao trabalho com objetivos para estimular o aluno e perceber a progressão por si próprio, tanto na parte técnica como na parte do conhecimento.
Orientamos e acompanhamos nossos alunos na descoberta do aikido sem a pretensão de que apenas decorem nossas aulas.
Completamos nosso trabalho com a prática das amras, o Jo e o Bokken (bastão e espada de madeira), desenvolvendo assim, de forma mais aguçadas, as noções de perigo, concentração e timing.
Sempre Pronto
Philippe Dorée – 4ºDan Aikikai.
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