Se você iniciar uma conversa com seus pares e colocar a palavra “inovação” em pauta, verá que ela é a moda da vez. Inovação, disruptivo e outras palavras que sem um plano se tornam vazias, estão na boca de muita gente.

Todos querem ser únicos, inovadores, unicórnios do momento sem pensar no prático e no que realmente funciona.

Ah! mas isso funciona para empresas privadas e em se tratando de segurança pública, não é possível inovar ou buscar muitas coisas que possam ser diferentes pois a cultura organizacional das corporações militares são conservadoras e muitas vezes letárgicas.

Sim! É possível inovar e os que deveriam ou poderiam fazer isso são os grupos de operações especiais.

Porque eles?

Em primeiro lugar, não é novo argumentar que as forças de operações especiais podem (e muitas vezes o fazem) operar como uma incubadora de inovação para a força mais ampla. 

Alguns teóricos como Eliot Cohen em seu livro “Commandos and Politicians: Elite Military Units in Modern Democracies”, argumenta que as unidades de elite podem servir como laboratórios que poderiam “experimentar novas doutrinas, testar sua validade e, em seguida, divulgá-las para o resto da força.” 

Os grupos de operações especiais são uma opção atraente para inovação pelos mesmos motivos pelos quais são encarregadas de missões de alto risco – sua maturidade, flexibilidade, processos de seleção rigorosos e potencial para tolerância ao risco . 

Eles também operam de forma consistente em todo o mundo, com unidades operando em vários tipos de ambientes, e conduzindo uma ampla gama de missões – desde a competição entre pares, a ação direta contra o terrorismo e crime organizado, até o trabalho próximo às forças parceiras. 

Como tal, eles estão bem posicionados para explorar uma gama igualmente ampla de desafios de inovação. A parceria dessas unidades com as habilidades especiais da indústria voltada ao desenvolvimento de produtos militares, permite que os conceitos sejam testados em campo, trazendo o feedback necessário para a prototipagem bem-sucedida de tecnologias inovadoras.

Isso em se tratando de produtos mas os mesmos argumentos podem sim ser aplicados a novas doutrinas e conceitos operacionais que poderão ser transformados em POP (Procedimento Operacional padrão) a posteriori depois de testados e aprovado a sua eficácia.

 O pequeno tamanho das forças de operações especiais torna isso possível, pois os membros desta se cruzam rotineiramente e podem, portanto, compartilhar e refinar ideias inovadoras regularmente. 

Seu grupo mantem o conhecimento retido ou esta trocando com outros grupos?

Que tipo de conhecimento você pode oferecer ao seu grupo e a tropa?

Quando me refiro a conhecimento não é somente sobre o que você já faz, mas engenharia ou ciências aplicadas. Muitos se limitam a praticar somente o que já fazem e não buscam outras valências.

Sgt. Daniel Caban, chefe da tripulação do 1st Aircraft Maintenance Squadron, posa com seu protótipo de capas magnéticas portáteis no 1st Fighter Wing Innovation Cell Lab na Joint Base Langley-Eustis, Virginia, 5 de novembro de 2019. Caban utilizou as ferramentas do laboratório para projetar um modelo 3 -D. Imprimiu uma réplica do compartimento F-22 Raptor que pode abrigar PMAC para os mantenedores usarem em vários locais. 
(Foto da Força Aérea dos EUA / Monica Roybal)

Você precisa aprender outras informações que possam alavancar a sua função e assim poder realmente inovar em algo com propriedade. É dali que sairão os POPs que a tropa irá utilizar, ou pelo menos deveria ser.

O que sua unidade oferece como meio para que você se especialize e possa então trazer informações uteis para processos de inovação?

Como sua organização absorve os profissionais que cursam outras matérias e que poderiam ser muito bem aproveitados para processos inovadores?

Como ela trata os dados coletados? Tem e usa modelos estatísticos?

É necessário ter um método para combinar o esforço de prototipagem com as ameaças, oportunidades e experiências que emergem diretamente do ambiente operacional. 

Sem um método não há como mensurar se estamos indo a algum lugar.

Fazermos isso olhando o passado e as estatísticas que a maioria não gosta de se debruçar sobre. Os dados coletados não mentem, por mais que a fantasia da mente de alguns diga o contrario.

Seja apaixonado por dados se você quer inovar.

Ferramentas Úteis

Use ferramentas analíticas que podem ser prontamente implementadas como a experimentação de campo e o raciocínio indutivo.

Colha e armazene os dados para avaliação futura seus e de outras unidades.

Experiência de Campo

A verdadeira experimentação de campo – em oposição a simples demonstrações de tecnologia ou produto – permite ao pesquisador enfrentar todos os fatores de confusão potenciais que são criados por condições de campo reais e encontros com forças opostas.

Exemplo: Desenvolvimento de um novo Colete Tático.

Que problema real pretendemos corrigir?

O que enfrentamos já ocorreu? Com que frequência?

Quando ocorreu como foi resolvido?

Existe POP? Se não existe e a tropa não é treinada para o uso adequado da ferramenta, nenhuma delas surtirá o efeito desejado.

Raciocínio Indutivo

O raciocínio indutivo refere-se ao processo de aprender por meio do discernimento de tendências ou padrões nos dados observados. 

Embora este pareça óbvio, os operadores muitas vezes têm lutado para aprender ou implementar as lições que acumularam com a experiência. 

Pesquisadores que são realmente treinados no uso adequado de indução e dedução como modos de raciocínio ajudariam muito na estruturação dos esforços militares para aprender com as observações coletadas em campo.

Consegue-se esse pesquisadores com as parcerias que se pode buscar com os inúmeros profissionais existentes no mercado.

O uso de forças de operações especiais como laboratório poderia alavancar o desenvolvimento de produtos e doutrinas para uso militar e segurança pública, com rapidez e flexibilidade haja vista os motivos já descritos.

O que você gestor esta fazendo para inovar?