Estatísticas refletem que 90% das perdas de vida em combate ocorrem antes chegar até uma MTF (Military Treatment Facility, ou Hospital Militar de Campanha). Por esta razão, o gerenciamento e execução da extração do ponto do incidente (POI) do CAX(1) (Casualty/Casualties) para uma evacuação CASEVAC (2) é vital.

 a ) Lesão cerebral traumática penetrante (TBI). A maioria destes casos não sobreviventes, e estes CAX são triados como expectantes (1).

             b) Traumas no torso não corrigíveis cirurgicamente. Traumas nesta região tem diminuído significativamente devido ao uso de placas balísticas e outras formas de proteção pessoal. Entretanto traumas em áreas desprotegidas como a região axilar ainda ocorrem e não é frequente o índice de sobreviventes nestes casos. As feridas penetrantes no abdome, sem envolvimento vascular significativo, podem ter sobreviventes por várias horas.

             c) Trauma cirúrgico potencialmente corrigível.

             d) Choque hipovolêmico. A hemorragia de feridas de extremidades continua a ser a principal causa de morte evitável. As feridas nas extremidades representam mais de 60% de todas as feridas no campo de batalha hoje em dia.

             e) Mutilação e trauma por explosão. Estas feridas horríveis normalmente não ocasionam sobreviventes. Os dispositivos explosivos improvisados (IEDs/VBIEDs) foram a principal causa de mortandade nas operações OIF / OEF.

f) Pneumotórax de tensão (PTX). Esta é a segunda principal causa de morte no campo de batalha. O trauma torácico penetrante ainda existe, mesmo com o advento da armadura corporal/placas balísticas, e pode tornar-se rapidamente fatal sem intervenção médica oportuna.

             g) Obstrução/lesão das vias aéreas. A terceira causa principal de morte evitável. Embora esta seja uma pequena porcentagem, principalmente devido ao trauma máxilo-facial, essas lesões exigem atenção imediata para garantir a sobrevivência do CAX.

             h) Ferimentos extensos, principalmente devido à infecções e choque.

OTC3 é um conjunto de diretrizes elaboradas pela USSOCOM (Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos) para treinar adequadamente não-médicos para lidar com as causas evitáveis de morte no campo.

Levar um kit de primeiros socorros vai permitir que você, ou alguém que vem em seu auxílio, tenha os suprimentos necessários para salvar uma vida. Você tem que se perguntar se o custo, o inconveniente de manter ou transporta esse tipo de kit vale a pena. Se o conhecimento que você possui hoje poderá salvar uma vida, que pode ser a sua. A resposta deve ser SIM! Se ela não for sim ou se você estiver em dúvida, deve buscar os conhecimentos necessários para que tenha essa segurança.

Todos estes dados enfatizam a necessidade contínua de melhoria nas técnicas de atendimento pré-hospitalar de combate. O treinamento de cuidados aos traumas para médicos militares e policiais atualmente são baseados inicialmente nos princípios do curso de Suporte Avançado de Vida no Trauma (ATLS).

            O curso de ATLS fornece uma abordagem padronizada para a gestão do trauma que tem se mostrado muito bem sucedido quando utilizado na configuração de um departamento de emergência de hospital.

            Mas doutrinadores militares têm manifestado preocupações adicionais sobre a aplicabilidade do ATLS no cenário de combate. Para isso, desenvolveu-se a doutrina de TC3 (TACTICAL COMBAT CASUALTY CARE).

No Brasil, ao falarmos em medicina tática, observa-se que mesmo com a inexistência de conflitos externos (guerras), os procedimentos de cuidado ao trauma em confrontos policiais são os mesmos da medicina de combate, uma vez que os ferimentos destes Operacionais são causados em sua maioria por armas de fogo  utilizadas para conflitos externos (guerras) como fuzis de assalto, dentre outros.

            Por isso a Müller Consulting & Training LLC, empresa pioneira no ensino dessa disciplina no Brasil, desde 2011, decidiu em parceria com a Tríade Treinamentos, criar em Orlando, Flórida o CURSO DE RESGATE DE OPERADOR FERIDO E ESPECIALISTA EM ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR TÁTICO – APH TÁTICO – COMBAT MEDIC.

        O curso destina-se a policiais, militares, agentes penitenciários, seguranças privados, enfermeiros, pronto-socorristas entre outros que atuem em ambientes de alto risco, com grande possibilidade de confronto, inclusive em áreas com poucos recursos médicos de urgência, ou que queiram especializar-se na área de atendimento pré-hospitalar tático seguindo a doutrina do TC3 (Tactical Combat Casualty Care).

            Serão capacitados os Operacionais em  técnicas básicas de atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência, com novos conceitos e fundamentos do uso de técnicas e equipamentos de urgência e emergência no suporte de vida de operacionais feridos. Também visa criar um protocolo de atendimento e resgate de Operacional ferido. Com duração de 30 horas aula, com previsão de dez horas diárias, será realizado em um período de 3 (três) dias. Formará Operacionais habilitados em Resgate de Operacional ferido, com conhecimentos básicos de primeiros socorros e especialistas em Combat Medic, seguindo a doutrina do TC3.

Legenda:

[1] Uma pessoa morta ou ferida em combate.

[1] Combat Casualty Evacuation Care (CASEVAC) é um termo militar para evacuação de emergência de vítimas a partir de uma zona de combate. O CASEVAC pode ser feito por terra ou por ar. Na modalidade aérea são feitos atualmente quase que exclusivamente por helicóptero. Os veículos envolvidos em uma extração CASEVAC não são veículos exclusivos de resgate médico.

[1] Na escala de triagem S.M.A.R.T., o expectante, também chamado hipocrático, é aquele em que diante da gravidade de suas lesões, só resta ao médico acompanhar a marcha da doença ou ferimento, sem intervenção, deixando a natureza seguir seu curso.

TREINE PARA O PIOR CENÁRIO