Muito tempo se passou desde quando a guerra era travada em fronts bem definidos e lineares onde a pontaria do atirador localizado na linha ou na trincheira era estática, metódica, e com um único vetor – a linha inimiga. O combate evoluiu, e hoje impera o que chamamos de “Guerra Assimétrica”, onde uma das principais características é a ausência de uma linha de combate física. O modus operandi de um operador inserido nesse meio de combate atual é totalmente influenciado por essa ausência do front definido, assim como outros fatores resultantes dessa ausência. As táticas e técnicas utilizadas não terão o mesmo efeito nesses dois tipos de cenário.
Um dos principais fatores alterados por essa mudança na geometria do combate, é o comportamento humano.
Um confronto armado exige do operador mais do que a assimilação de formas e objetos, os quais teoricamente representam uma ameaça, dispersos em pontos específicos do terreno. Tais pontos e/ou alvos, por mais moveis que sejam, apresentam uma trajetória de movimento repetitiva e limitada que não consegue replicar o comportamento e o movimento humano. Enfim, um treino focado apenas em estande, descartando váriáveis como o comportamento humano, por exemplo, se torna ineficaz num contexto de combate atual.
Alvos de “estande” (estáticos ou móveis) são recursos de treino de importância inquestionável. Porém, eles também possuem pontos negativos. As desvantagens de um treinamento envolvendo o fator humano, estão diretamente relacionadas ao tipo de armamento não letal empregado, sua utilização e limitações tecnológicas presentes em 2021.
Atualmente temos a nossa disposição algumas opções como o Airsoft; o sistema MILES, que utiliza munição de festim e um sistema de transmissão e recepção de laser; e sistemas de troca de ferrolho/munição de tinta (Simunition/UTM) conhecidos por seus canos azuis.
Por meio dos cenários de Force on Force — que consistem na aplicação e nos testes de técnicas, táticas e procedimentos em simulações de combate contra uma ou mais forças humanas, é possível colocar o comportamento humano em destaque no treinamento.
Por fim, chega a questão de qual sistema se adotar para realizar esse tipo de treinamento. O sistema de troca de ferrolho, em conjunto com o sistema MILES, é o que poderia se dizer a melhor opção para treino de combate. O MILES, muito útil para a guerra convencional, preenche a lacuna da distância que o simunition não atinge e o simunition, que por sua vez é a opção para ambientes confinados, preenche o vazio que o MILES possui por ser um sistema de laser (não físico). Porém, estes são sistemas de dificílimo acesso a instrutores e atiradores civis, e até mesmo para instituições de Segurança.
Logo, chegamos à conclusão que o Airsoft é a solução atual mais viável para um treino onde é necessitado que se criem cenários ou exercícios de Force on Force com o maior realismo possível. Sendo assim, com o fator humano presente, é alcançada a reprodução fiel de uma ameaça. Junto com os itens e ferramentas corretas, amplo material teórico e sistematização na coleta e análise dos dados obtidos no treinamento é possível elevar de forma significante a capacidade operacional de um indvíduo, junto com a sincronia de interação entre uma dupla ou equipe.
Atualmente há no mercado uma grande disponibilidade de bons equipamentos de airsoft adequados para um treinamento de simulação por indivíduos cuja função ou fim, é utilizar tais técnicas do treinamento em uma situação com armamento real, e a acessibilidade, preço e custo de realização de um treinamento utilizando o Airsoft, é extremamente baixa levado em conta o preço da munição gasto em um treino de tiro. Armas de Airsoft a gás com a função de blowback e em metal, são o tipo de equipamento mais recomendado para uma simulação. O barulho e pequeno recuo oferecido por esse tipo de equipamento eleva um pouco mais o nível da simulação, mas equipamentos AEG, elétricos e na sua maior parte sem recuo, também cumprem a missão em um treinamento/cenário de Force on Force.