Para quem acredita que coletes balísticos são feitos atualmente de aço sinto lhe informar que não são. Na antiguidade isso era verdade porem a pelo menos 50 anos foram substituídas por fibras sintéticas.

A infantaria dos primeiros exércitos sempre buscavam reduzir as baixas em combate e usavam materiais como a seda, palha, couro e até o aço como meio de proteger seus homens.

O peso sempre foi muito importante na utilização haja vista limitar a mobilidade dos combatentes. Esse quesito é usado até hoje e é uma das maiores reclamações de quem usa colete balístico. Ter mobilidade.

Esse é um dos motivos de utilizarmos Cordura 500D na composição de nossos coletes táticos. Não adicionar mais peso desnecessário a armadura corporal.

A descoberta do processo de fabricação de fibra de aramida tipo Kevlar, que é a mais utilizada na fabricação da placas atuais, se iniciou em 1965, quando a cientista química Stephanie Kwolek, pesquisadora da DuPont, sintetizou uma série de poliamidas aromáticas para-orientadas.

As fibras de aramida são resistente ao calor com uma estrutura molecular de muitas ligações inter-cadeias tornam o aramida incrivelmente forte e tem muitas outras aplicações devido à sua alta relação resistência/peso. Essas características a tonam ideal para a fabricação de coletes balísticos.

Como o Aramida para uma bala?

Quando o projétil se choca contra os coletes balísticos, ele é pego em uma rede de fios finos e resistentes, que freiam o movimento giratório do projétil e fazem-no se deformar.

Além de impedir a penetração, a veste ainda distribui a força do impacto por uma área bem maior, diminuindo os efeitos da transferência de força cinética para o corpo.

Para ter efeito contra os calibres de grandes velocidades, como o 7.62mm, o 5.56mm e o 30-06, é necessário reforçar a veste com uma placa rígida que distribui melhor o impacto, geralmente confeccionada em cerâmica.

Os níveis de proteção que são definidos de forma governamental.

O Instituto Nacional de Justiça, (NIJ), dos EUA, estabeleceu níveis de proteções para coletes balísticos, através das seguintes categorias: I, II-A, II, III-A, III e IV, que são adotados também no Brasil.

O Exército controla a fabricação, venda e utilização dos coletes à prova de balas, dividindo esse equipamento em duas categorias:

A) Uso permitido (protege contra disparos proferidos por armas curtas, de munição Magnun 44 e calibre 12);
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B) Uso restrito (protege contra disparos de fuzis calibre 7,72 e 5,56 – Nível III e IV).

Veja a explicação abaixo pelo olhar da física com o Professor Douglas Gomes.

Um pouco de história

Em 1870, Ned Kelly um fora-da-lei australiano confeccionou uma vestimenta completa de metal que pesava cerca de quarenta quilos para si e sua quadrilha que cobriam peito e cabeça.

O tiroteio durou 12 horas e só acabou com a morte de todos os membros do bando, menos um:

Ned Kelly, preso depois de levar 28 tiros nas pernas e enfrentar sozinho cerca de 50 agentes da polícia.

Armadura Exposta em museu

Casimir Zeglen era um engenheiro polonês que inventou o primeiro colete a prova de balas comercial.

Pelo menos mais próximos aos conhecidos hoje.

O inventor mesmo foi  Jan Szczepanik, em 1901.

Ele salvou a vida de Alfonso XIII , o rei da Espanha.

Sua carruagem estava coberta com a armadura à prova de balas de Szczepanik e uma bomba explodiu perto dele.

Os dois se uniram e aperfeiçoaram o modelo de forma comercial e o próprio Zeglen se submeteu a um teste em Chicago . Ele vestiu um colete do material e um atirador disparou contra o colete a oito passos e nenhuma das balas perturbou Zeglen. 

O produto final era muito quente e de alto custo devido a quantidade de seda requerida para se fazer uma peça. Isso fez com que o produto não fosse aprovado pelo Exército Americano para uso em suas tropas.

Dizem que o Arquiduque Franz Ferdinand estava usando um dos coletes de Zeglen no dia do atentado que culminou com sua morte. Apesar do disparo ser no pescoço contribuiu para a má fama do colete.

Na primeira Grande Guerra o Exército Norte Americano fez experimentos equipando seus soldados com uma peça combinada que cobria o torso e a cabeça. Ficou conhecida como Brewster Body Shield, um e euipamento construído a base de uma liga metálica com cromo e níquel.

O problema é que ela pesava 18 kg.

Também foi projetado um colete com escamas de aço sobrepostas, fixadas a um forro de couro; essa armadura pesava 11 lb (5,0 kg), encaixava-se perto do corpo e era considerada mais confortável. Algo similar o Dragon Skin da atualidade.

Os EUA implantaram o uso das flak jackets em dois conflitos do século 20. A Guerra da Coréia e do Vietnã.

Estas jaquetas, acolchoadas utilizavam- se de placas de fibra de vidro em lâminas, nylon e alumínio.

Tinham por objetivo, defender os soldados de estilhaços de granadas.

O grande peso e a pouca eficácia das flak jackets, tornaram esse equipamento inviável após a criação das aramidas.

O colete moderno

Atualmente vem se deixando de lado o  conceito de a prova de balas para equipamento ou blindagem.

Se chama apenas resistente a balas simplesmente por que sempre vai existir uma arma com o calibre suficiente para penetrar nos mais avançados materiais.

A Arma Blindagens uma das fabricantes nacionais de placas balísticas produz usando Kevlar genuíno.

Existem outras fibras sintéticas de aramida que podem ser uma alternativas ao kevlar.

São elas: Spectra Shield, fabricado pela honeywell que declara ter a maior razão força/peso entre as fibras além de ser resistente a perfurações.

O Twaron que atua como uma esponja de energiaa absorvendo e dissipando a energia cinética dos projéteis

O Dyneema produzido no Japão são outras fibras sintéticas produzidas em outros país que não os Estados unidos.

O fabricante informa que oferece a solução mais leve para aplicações em armaduras moles e duras. Armaduras mais leves são mais confortáveis ​​e aumentam a capacidade de manobra. 

Atualmente se estuda adicionar o material mais duro que o diamante, ultra-leve e 200 vezes mais resistente que o aço, o Grafeno.

Ele está sendo testado na criação de novos coletes à prova de balas mais leves e super resistentes.

Um estudo provou que 10 folhas de Grafeno (cada folha contendo 100 camadas), são suficientes para conter balas viajando a uma velocidade de 3.000 metros por segundo.

3 vezes mais rápido que uma bala de fuzil. O material se demonstrou 2 vezes mais eficiente do que o Kevlar.